O Corpo Nacional de Escutas vai aplicar em 2010 um novo programa educativo que tem sido preparado nos últimos oito anos. Caberá a cada escuteiro definir os seus objectivos e como os atingir.
A Marisa sempre teve muitos amigos e sempre foi equilibrada a gerir os conflitos entre eles. E, no seu programa educativo do Corpo Nacional de Escutas (CNE), traçou uma meta ambiciosa: como delegada de turma "obrigou-se" a batalhar para mudar o ambiente de trabalho e para tornar as relações mais agradáveis. Agora terá de atingir este objectivo para ser avaliada positivamente.
Este é um dos muitos exemplos de como passará a ser feita a avaliação dos escuteiros do Corpo Nacional de Escutas, que representa a maior reforma dos últimos 30 anos e que entra em vigor em Outubro de 2010. Segundo o Secretário Nacional Pedagógico do CNE, Pedro Duarte Silva, "a actual metodologia encontra-se em vigor desde 1980 e estava um pouco desenquadrada da realidade da sociedade que agora temos".
Em traços gerais, explica o responsável, o principal objectivo passa por uma negociação com cada escuteiro sobre quais os objectivos que pretende atingir ao nível dos diversos "trilhos" - entre os quais a autonomia, responsabilidade, bem estar físico e resolução de problemas, entre outros - e como fará lá chegar. "Antes o sistema de progressão pessoal era baseado numa série de provas que todos tinham de cumprir", frisa o responsável. Agora há um enfoque nas especificidades de cada um.
O processo de Renovação da Acção Pedagógica (RAP) começou em 2001 e contou com a participação de centenas de dirigentes, diz Pedro Duarte Silva.
O objectivo era criar um Programa Educativo mais próximo das novas realidades sociais dos jovens.
As metas, refere o Secretário Nacional Pedagógico, não mudaram. "O que muda é a forma como se chega lá". O programa "torna o edifício pedagógico mais coerente e assenta numa abordagem mais personalizada" e, simultaneamente, "estimula a relação entre a vida escutista e a quotidiana".
No ano dos escuteiros de 2008/2009 - equivalente ao ano lectivo - foi colocada no terreno um projecto piloto para testar as novas regras em 92 agrupamentos locais.
Segundo Manuel Guerra, Chefe de Agrupamento 320-Évora, um dos 92 agrupamentos aderentes, "foi uma experiência muito enriquecedora". As principais dificuldade, admite, foram sentidas ao nível dos mais novos "que ainda não têm tanta consciência do que lhes é pedido". "Ao nível dos Caminheiros (dos 18 aos 22 anos) a metodologia é muito semelhante, pois já dependia muito das escolhas pessoais de cada um", explica Manuel Guerra, frisando que "é sobretudo entre os Exploradores e Pioneiros que se sentem as maiores diferenças, mas que eles aceitaram como um novo desafio".
Ao mesmo tempo, refere, "o novo programa também exige mais dos próprios responsáveis, pois há uma relação de maior proximidade, sobretudo com os mais novos". Apesar de algumas dificuldades, assegura que "o balanço deste ano é positivo.
por Hélder Robalo